CARTA ABERTA À SOCIEDADE
A Orquestra Sinfônica do Recife – OSR - vem mais uma vez a público, através da
sua Comissão Representativa, esclarecer fatos, cobrar responsabilidades,
relatar abusos e pedir o apoio da população recifense em defesa da sua
Orquestra Sinfônica.
Ao completar 81 anos de existência, a OSR - a Orquestra mais antiga em
atividade no País, continua esquecida e sucateada. O plano de cargos e
salários, promessa da primeira gestão do então prefeito João Paulo Lima e
Silva, não foi cumprida, nem na sua segunda gestão. No ano de 2009, já na
gestão do prefeito João da Costa, os músicos, desgastados pela decepção do
governo anterior, decidiram em assembléia, levar ao conhecimento do público a
situação caótica em que se encontrava a Orquestra. O Secretario Municipal de Cultura,
Renato Lins, então convocou uma equipe de oito músicos, denominada “força
tarefa”, com a finalidade de solucionar a crise existente na OSR. Após 3 meses
de arduo trabalho, foi entregue um dossiê completo às autoridades competentes,
contendo as necessidades mais urgentes da OSR, porém, exceto o reconhecimento
da diferença entre Orquestra Sinfônica e Banda Sinfônica da Cidade do Recife
(que ocasionou uma gratificação de R$400,00 em favor dos músicos da Orquestra),
nada mais foi realizado em beneficio da OSR.
Em abril de 2011, o Secretario Renato Lins, em reunião com a comissão da OSR,
sensibilizado diante das dificuldades da Orquestra, garantiu que a prioridade
seria implantar o Plano de Cargos e Salários, antes de abrir novo concurso
(medida que garantiria a vinda de músicos de qualidade para a Orquestra). Em
Natal/RN, por exemplo, o piso salarial inicial é de R$ 2.467,70, fora as
gratificações; e ao aposentar-se, o músico chega a receber R$ 6.138,46.
Enquanto no Recife, o piso inicial é de R$ 988,00, acrescido de gratificações
que perfazem, em media, um total de R$ 2.000,00 de vencimentos. Ao aposentar-se
hoje, o músico recebe o salário de R$ 1.112,97, acrescido de R$ 40,00 (ao final
de 30 anos de serviço).
Faltam instrumentos básicos na Orquestra, como tímpanos, harpa, etc., além de
acessórios para os instrumentos de percussão. É de fundamental importância a
manutenção do arquivo de músicas existente, bem como a aquisição de novo
material. Faltam copiadora, computadores, e equipamentos indispensáveis ao funcionamento
da Instituição. Anteriormente a OSR esteve sob a administração da Fundação de
Cultura Cidade do Recife, onde havia autonomia administrativa, jurídica e
financeira. Na gestão do prefeito João Paulo, a Orquestra foi colocada à
disposição da Secretaria de Cultura, a qual não dispõe de verba nem de um
orçamento para a manutenção de uma Orquestra Sinfônica.
Dependendo do talento e do instrumento, a formação acadêmica e técnica de um
músico de orquestra sinfônica podem levar de 6 a 10 anos. Músicos sinfônicos
têm de continuar a estudar cada dia, durante toda a sua vida profissional. Daí
a dificuldade de encontrar músicos aptos a ingressar na OSR com essa péssima
remuneração (provavelmente, a mais baixa em todo o território nacional).
Agrava-se ainda mais a situação, porque os músicos têm de comprar e manter
instrumentos dispendiosos, adquirir periodicamente material de reposição
importado, além de manter três vestimentas oficiais, incluindo roupas de gala
para os concertos que exigem traje a rigor.
Durante uma temporada medíocre de perda de qualidade e do seu público mais
fiel, a Orquestra foi aclamada pela sua brilhante performance ao acompanhar o
tenor espanhol José Carreras, sob a batuta do Maestro David Giménez, com apenas
três dias de trabalho, fato que foi reconhecido pela crítica especializada, na
mídia escrita.
Diante deste impasse, os músicos da OSR, reunidos em Assembléia, decidiram por
maioria absoluta, exigir das autoridades competentes a mudança imediata das
Direções Artística e Administrativa da OSR, devendo ser indicadas pelos músicos
da Orquestra as referidas substituições, para um melhor funcionamento da
Instituição.
A OSR vem a público denunciar a grave situação em que se encontra e convocar a
população para, unidos em protesto, cobrar das autoridades, vereadores e
deputados apoio em defesa da Orquestra Sinfônica mais antiga do País, memória
nacional e orgulho do povo pernambucano.
FONTE: Facebook/RenatoFarias
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